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Mostrando postagens de agosto, 2017

Existência

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Escrevo para não morrer...  Não morrer minha sanidade, minha vontade, minha (às vezes) pouca coragem.   Escrevo para dizer o que está preso no peito e vai explodir.  Escrevo para não pirar, não desanimar e me encorajar. Me (re)vejo em cada rabisco.  Me percebo no singelo, no encontro do acaso.  Na linha fina que separa o sagrado e o profano. No sol que arde na alma, na enxurrada e no chuvisco. Me atrevo em pensar na alegria. Me enfrento em lutas perdidas, em libertação do ser incontido. Me contesto em acreditar no simples. Sublimar o desejo e desabafar na poesia. Me preservo em rascunhos amassados. Me defendo do desespero, me agarro ao que é verdadeiro e deixo o tempo passar. Me protejo do complexo e o acato o simples. E resisto no limite do não e da falta do sim. Eu escrevo Eu (re)vejo Eu me atrevo Eu me defendo... Para sobreviver * Dedicado a um amigo muito amado

Incerteza

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Uma boa forma de começar Uma maneira de finalizar. Uma respirada Um tom de displicência Um ar de ironia... Um pulsar de desejos. Uma pergunta a se fazer Uma resposta a se dar Um motivo para sonhar Uma dúvida...   Quem vai tocar o coração?         Quem promete arrancar a dor? Quem pensa em doação?             Quem dará o direito da chegada?               Quem promete o sonho realizado?               Quem ensinará uma nova oração? Um partir de incerteza  Um recomeço de nada Uma vertigem de medo Um início da jornada Um pouco de clareza Um pedido de ajuda Um mistério que afaga Um sofrimento que não acaba      Quem estenderá a mão? Quem promete o fim?     Quem transfere o amor?        Quem pode se apaixonar?    Quem determina o sim?        Quem o impede de voltar?

Um bom dia de luz

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   O sol invade a sala. Não há mecanismo de defesa .          O bom dia surge com força e não em uma mensagem distante, nas redes sociais.     A natureza mostra sua cara e desafia a tristeza.      O carinho chega pela janela e passeia pelo ambiente dando a certeza de vida. Um pulsar de novidade envolvente que atrai a ideia de boas notícias.    O otimismo da luz é o testemunho de fé. O renascer de uma esperança que estava adormecida, quietinha em um canto escuro.    É hora de (re)agir. Entender o momento e ter o convencimento que aquele momento não volta, mas faz cócegas na vontade de encarar o mundo.    Um instante sem a perturbadora saudade. A falta que dilacera e empurra para a vida, tentando navegar em um mar calmo. Em um mergulho o sal pode, talvez, queimar os olhos.  Me atrevo em crer em dias calmos. Mas, Simone de Beauvoir brinca com minha resposta: " O seu amor, a sua ternura, eram apenas um sonho. Mas valeria a pena aceitar sonhar um amor qu

Um recanto

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O encontro poderia acontecer em uma pracinha, de uma cidade escondida em um canto do País.  Percorro o mapa com os olhos fixos procurando o lugar. No extremo Norte.  Não! O sol talvez castigasse a pele e a sensação térmica afastaria a importância do diálogo . Mudo a direção, vou ao Sul. O frio, quem sabe, pode estar cortante. As mãos geladas e a neblina oferecem um lindo cenário, a oportunidade para um abraço e mais uma vez, as palavras vão se perder. Penso e repenso. Quero um recanto, escondido entre flores e mato. Passarinho e folhas ao vento. Tema de um filme de sessão da tarde. A loucura parece invadir a alma e aperta o peito e nasce o amor sublimado. Um banquinho colorido brinca com minhas lembranças de infância e oferece um espaço na memória, que desponta como uma marca poderosa para o renascer. Coragem para escutar meu coração e deixar que ele invada o mundo, tal qual uma notícia de primeira página que perturbe o universo com o sentimento que não dá trégua.

E vai só

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E vai só. Sonho segue sozinho... Solitário em busca de ser. Procurando o par o passo o descompasso de um dia que vai findar. A tarde cai... E no caminho  as marcas do adeus. E a esperança do reencontro. Recorro ao que aprendi nos livros               ao   que vivi na espera               ao   que sofri na pele Socorro ao que encontrei               ao que deixei               ao que pequei. Temo pelo fim do sonho. A novidade não parece confortar. Tudo termina Mas tudo pode recomeçar. Apelo por um recado um alô inesperado ou apenas um oi  com a frase: "lembrei de você".

Aniversário

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   E termina mais um domingo. As marcas da semana povoam o pensamento e as lembranças de tudo que vivi me dão alento para a nova vida que começa.   A era digital me aproximou de pessoas importantes e as mensagens de carinho acariciaram meu coração. A sensação de não estar só foi real. E os telefonemas... Amigos distantes e presentes. Deram o tom ao chamado do coração.    E recebi presentes. Cada um escolhido para (re)contar uma história de companheirismo e amizade. E teve bolo (três),  festa na cozinha, almoço na casa da amiga... Piadas, risadas, confidências.   Amigos antigos e novos, crianças que cresceram e já podem escolher o que oferecer para a madrinha.      As sagradas imagens de minha fé estiveram presentes, a delicadeza do sabor do rosbife também. E um pouco de Portugal chegou no licor de ginja.        Pequenas surpresas de grandes personagens que afagam docemente a minha caminhada       E chegam flores carregadas de afeto, de vida e também de sauda

Eu só queria comer geleia

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A noite se anunciava fria... Tudo pronto para um aconchego no sofá, e um abandono nas páginas de um bom livro.   Uma fominha leve se apresentava. Idealizei a cena. Um bom café forte, umas torradinhas e que tal um geleia?      Nunca fui muito amiga dessa iguaria, descobri a delicadeza de seu sabor quando ganhei de presente um vidro do meu amigo Ricardo, o qual ele deu o delicado nome de  "geleia da rainha". Lembrei que tinha em casa uma especial, de framboesa,  que comprei em uma loja de artigos importados.                (Me incomoda saber que geleia não tem mais acento. Acho que não foi uma boa ideia,  mas sem plateia não vale a discussão.)      Preparei o cenário no canto da sala.  E começa o drama. Procuro a película que protege a embalagem, não tem. Tento girar a tampa e nada. Pego o pano de prato, a mão começa a ficar roxa e a bandida não gira nem um milimetro.         Ah! vou recorrer ao truque da colher, e forçar em toda volta para fazer com q