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Mostrando postagens de abril, 2017

Um ponto e uma laçada

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E vai a agulha,  fura o pano,  corre a linha Uma laçada e lentamente desenha o ponto. Na calma do movimento repetitivo o pensamento  faz sonhar E segue a mão,  no mesmo ritmo  dando contorno ao tecido E vai a agulha,  fura o dedo,  um gemido um ai... E segue a trama prende o fio sutura fica a cicatriz Desatenção... embaralha a teia  nasce um nó. Se der um puxão arrebenta E todo o esforço  pode se perder. Requer paciência para desatar e resolver o enigma. Nervoso! O trabalho pode ser comprometido. Calma! Vira aqui,  passa ali, Tal qual a marcação dos passos de dança mudando o curso e a direção. Vitória! E vai a agulha,  fura o pranto corre a linha Uma laçada e lentamente a vida costura o destino.

Minha casa meu CEP

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O meu espaço, o meu lugar sagrado, depositário de minha herança acumulada nos meus dias de luta e paz. Cada canto pensado com minha personalidade.  Estampado com nuances de desordem da vida, mas com a certeza de estar na minha vila. Minha casa, minha alma, minha palma. Não tem que ser maior ou menor.  É  do tamanho do meu mundo e de minha necessidade. Um cantinho onde possa estar comigo e aprender com os momentos do solidão. É preciso uma poltrona confortável, para viajar na leitura. Ao lado, os meus livros com suas marcas exclusivas e que me trazem o encantamento vivido. E, nas  páginas, algumas amareladas,  a comprovação de minha viagem para muitos lugares. Na parede cabe um quadro  ou dois ou três.... O que importa é a memória e emoção na tela. Uma cama que seja sempre o meu berço de renascimento a cada amanhecer. Um lugar único, que me alivia o cansaço, mas também serve de abrigo para  a missão cumprida. O ambiente pede flores... Com o perfume especia

Você está de castigo

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Te coloquei de castigo Não vou ... te avisar dos meus sonhos te lembrar momentos te acarinhar com presentes te dar bom dia te contar piada. Te coloquei de castigo Vou esquecer de... contar uma história repetir compromissos enfrentar o mundo tocar na tua memória. Me coloquei de castigo E vou... continuar aguardando inventar a chegada esquecer de sonhar dar risada da distância e fingir que tudo sei.

C'est la vie

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C'est la vie A frase é descaso para o acaso Redenção aos problemas Consolo para o embaraço C'est la vie Provoca o delírio do cabaré Movimenta as pernas no cancan E encontra audaciosa improvisação C'est la vie Grito em um delírio Provocando a humanidade Quando tudo parece terminar C'est la vie Quando o minuto é muito tempo E persiste sem calma A dor da separação C'est la vie Na língua romântica, a tristeza se torna mais branda Oferece requinte aos fatos. Na espera de um talvez. C'est la vie Para Caetano, filosofar só em alemão Para os descrentes, saudade só em português Na fantasia do amor, o lamento é em francês

"Fique quieta, menina... Nosso Senhor está morto"

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 "Fica quieta, menina...Nosso Senhor está morto..."      Essa era a frase mais ouvida por mim nas sextas-feiras santas de minha infância.    Não podia escutar rádio, assistir televisão, o silêncio devia ser preservado num dia de reflexão.   Lembro que, por vezes, olhava incrédula para as pessoas e não entendia muito bem o texto.    Afinal, eu aprendi com meu avô Antonio, que Nosso Senhor estava sempre vivo em nosso coração.       Por ser a única criança na casa, eu tinha algumas regalias. Podia brincar no quintal, embaixo da figueira. Mas, comportada. Uma coisa difícil para uma menina bem agitada.          O cheiro do bacalhau no forno invadia cada canto da casa, meu avô cuidava do jardim e conversava comigo. Sempre tinha espaço para um bate-papo amigo.       Ele contava histórias, muitas histórias. Às vezes penso que muitas podem ter sido inventadas, mas eram tão saborosas que assumo como reais.      Nesse diálogo amigo, a Semana Santa me fo

Fim do dia

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 Encontrar um caminho e um novo desafio.  Enfrentar a crueldade democrática da vida em um renovar de esperança.  Rasgar papéis velhos, perder um tempo olhando a aquela única fotografia e ter a certeza que aquele momento jamais retornará. A coragem, nas pequenas decisões, parece longe demais dos sonhos de adolescente. Largar tudo, mudar de ares, renovar a alma. Tudo parece improvável e aponta como é arriscado querer, e (re)viver. A lágrima, antes rara, agora emoldura um rosto cansado. E tenta mostrar aquele brilho do sorriso que se perdeu na memória do ausente. Sinto falta das tarde com gol, contra ou a favor. Das eternas discussões sobre o amanhã. Do cheiro da pipoca que saltava da panela velha. Da rotina do amigos presentes em torno de um bule de café. De decidir entre vários sabores de pizza, para dar um tom final ao dia majestoso.  Hoje, o  roteiro da "Sessão da Tarde", pode ser Lagoa Azul ou Esqueceram de mim. Já conheço cada palavra. A deixa de