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Mostrando postagens de 2017

Quero respirar

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Quero respirar cidadania mergulhar no sonho real  de que se pode mudar.  Reinventar e,  principalmente,  escrever a história  com um texto limpo, claro e objetivo.  Mas, para isso acontecer, o preço é alto Quero respirar decência Ter certeza que honestidade não é apenas um substantivo em desuso  Caráter é escolha de olhar o outro,  sabendo que o que é de todos,  não é meu. Quero respirar ternura me envolver em um carinho liberto Me jogar, sem julgar,  em um querer aberto. Defender o instante na simples docilidade de ser. Quero respirar emoção Chorar por qualquer coisa Brigar por compaixão Me entregar sem censura,  sem regras e pecado E não pensar em absolvição. Quero respirar verdade Ultrapassar a fantasia Dizer sem controlar o desejo secreto E ver na sombra o reflexo do beijo que não dei do sonho que não vivi da felicidade que desisti. Quero respirar amizade Vibrar com as vitórias Aquecer sorrisos Encantar com o olhar fraterno E enlaçar, no

Distância

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De um modo simples, distância é o espaço entre dois corpos.  Pode ser medida em quilômetros, metros,centímetros e muitas outras unidades. Mas para a alma ela tem outras definições. Uma flecha que atravessa o coração, mexe com os segredos e atormenta os insones. Uma ferida aberta, descoberta e que se encerra em cada desejo do encontro. Uma amor que deságua no rio mais dependente e que se alimenta dessa dor. Um passado que prova que a saudade é subsistência criada para saciar  um futuro que não chega. Uma intranquilidade que não conhece a sensatez e impede passos certeiros e diretos. Uma briga constante com os sonhos, ilude os incautos e transpassa os doces sentimentos. Um tema para poesia, que teima em dançar com o segredo e nasce a valsa do adeus. Uma canção desafinada, uma nota em dó...que desagrega e estraga a melodia. Um brinde de uma só taça. Um silêncio que faz cantar a madrugada num pedido d e socorro .

Viva o rei

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Em um primeiro momento vem a lembrança da Ilha da Fantasia,  série de televisão que teve início em 1978. Um local paradisíaco onde  os desejos eram realizados. E todos acreditam na farsa criada. Anunciada aos berros, nos cantos sombrios do sussurro. E vestem o figurino da ilusão e atiram em que chegar. Disfarçados de luz e amor, oprimem e matam todos os que desejam crescer. O enredo nesse carnaval envenenado  mistura ilusão e praga, falsidade e perigo. O Rei Momo se faz de bobo para sobreviver. E como aliados surgem os covardes e canalhas, que tudo fazem pelo poder. Se é um bando, um grupo ou uma quadrilha... o tempo dirá.  Talvez uma matilha, pronta para atacar. E em uma tocaia bonita se conquista e se fere. E tem início o jogo da sedução. A piada está pronta, mas o público ainda não entendeu. A lei do retorno se perde diante de fatos tão repetitivos.   Não é pasárgada, porém todos querem ser amigos do rei. Mas não são. Na verdade encarnam plebeus travestidos  

Teia, trama... drama

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     Teia, trama... drama     E vem o fio, e passa por cima, por baixo, aperta o nó,  traça a trama e surge a obra.    A agulha fere. E tudo se cruza. Nasce o desenho e não o espelho.     E depois o enredo, da cópia já feita e refeita. Uma  farsa contada e cantada,  e poucos quiseram ouvir, acreditando fazer parte do espetáculo.      Numa sociedade secreta nasce a teoria da conspiração, criada na fantasia ou na realidade, que se põe e impõe na condição de subsistir.      A traição é  sorrateira. Mas, também se alia a trama de um dia de drama.   "Só o inimigo não trai", definiu com maestria Nelson Rodrigues. Mas se existe a convicção da certeza, pode ser considerada tal alternativa?     A indução ao erro pressupõe o engano. Vagarosamente os afagos, os boatos e  o acato são colocados na mesa.  Mudam-se as cadeiras. Quem  terá a primazia do melhor serviço não é definido por prioridade ou dignidade.    Ingenuidade não é mais desculpa. A raposa é c

O esmalte da menina

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  Lembro da primeira vez que fui a um 'salão de beleza' para fazer as unhas. Me senti poderosa. Desbravando um mundo novo com a altivez dos meus 13 anos.  Minha mãe me deu "doze dinheiros", o trabalho custava dez, e  tinha a recomendação expressa de dar dois de caixinha.   Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. A manicure gentil mostrou os esmaltes e pediu para escolher a cor. Um novo mundo se apresentava e tinha que decidir.  E comecei a ver nomes: fog, areia, zaza, rosa antigo, renda, vermelho, vinho, e o branco leitoso. Este último, que era moda na época, hoje está praticamente descartado... mas ainda tenho vontade de arriscar.  Após o trabalho realizado, voltei para a casa com a mão rígida, temerosa e com cuidado para não borrar a obra de arte. A alegria estava estampada no meu rosto. Um peculiar universo se apresentava e não tinha ideia das grandes transformações que estavam acontecendo naquele período.  As recordações chegam de forma

Ainda escrevo cartas

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“Cartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel.” Rubem Alves A distância me lembra cartas... A saudade me faz pensar em envelopes e cartões,  sentimento traduzido no desenho do texto. Emoção. E uma incontrolável vontade de conversar, partilhar, saber e encontrar. Talvez seja essa a motivação. A definição de Rubem Alves parece desvendar o meu segredo. Na infância, por mais cadernos de caligrafia que fizesse  não teve jeito, minha letra sempre foi horrível. Legível, mas feiosa. E o texto parecia gritar dentro de mim. Muitas vezes recorri à máquina de escrever, apesar da poesia de Quintana alertar: "E depois, como pode ser íntima uma carta escrita a máquina? Traz ideia de distância, de pequena mas  intransponível distância… como um beijo dado de máscara ". A professora de Português que ensinou como preencher um envelope, destinatário, r

O preço da flor

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A manhã acordou com uma chuvinha fina e o vento cortante... Um domingo para ficar em casa. Tomei meu café e saí apressada. Precisava enfeitar a minha vida com a primavera. "Se você guardasse todo o dinheiro que gasta com flores, sabe o que teria?", questionou na fila do caixa, o homem a quem não pedi  a opinião. Com um sorrisinho de canto de boca, respondi certeira: "Teria dinheiro, e não flores". As pessoas  próximas olharam com um ponto de interrogação.  Uma senhora vibrou com o cinismo, mostrando cumplicidade. Sem entrar no mérito se devo ou não dar satisfação a um desconhecido, amo ter flores em casas. É uma necessidade  vital. Elas se deixam cuidar. São um cartão de boas vindas aos amigos. Um olhar de esperança no momento de dor. Um pedaço do céu imaginário, que me abriga e me faz lembrar de gratidão e vínculos. Na elegância do Lisianthus, na sofisticação da Orquídea, na fragilidade da Tulipa ou na cordialidade da Begônia as flores me encantam

O adeus de Tereza

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S empre fui apaixonada por livros. Gosto do aroma ao folhar as páginas e desvendar segredos. No final dos anos 60, toda a família mais abastada, tinha na estante da sala a Enciclopédia Barsa. Sinônimo de poder e cultura. Mas isso é uma discussão sociológica, que não cabe nessa reflexão. Eu sonhava, na minha adolescência,  em ter esse tesouro. Mas, não era possível. Lembro de consultar suas páginas na biblioteca do colégio e na casa de uma amiga, onde fazíamos os trabalhos escolares. Numa tarde comum apareceu na escola um vendedor de livos de bolso. Ele apresentava pequenas coleções com três exemplares, capas metalizadas nas cores lilás, amarela e vermelha. Fiquei encantada. Cheguei em casa, corri para pegar a latinha na qual guardava minha pequena fortuna, acumulada com  agrado de minha família. Contei o dinheiro e ainda faltava muito. Com jeitinho, pedi para a minha mãe completar. E assim, consegui o valor necessário. Orgulhosa, comprei a preciosidade. Intimam

Desnudar, verbo do amigo

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Desnudando a alma Inundando o coração. É dessa maneira que acontece o encontro amado, aguardado e apurado. Um gole de café, uma descoberta Uma piada, uma confissão. Um olhar generoso. Um entrelaçar de mãos. E tudo é possível. Com o amigo se troca coração. Se toca o espírito. É um sofrer junto. Um vibrar em dueto. Uma ponderação. Um afago. Chega de repente Toma posse do carinho Assume seu pedaço de chão. O relógio para. O tempo é afinidade. A palavra não carrega pausa. Não há prazo de validade. A gargalhada e a lágrima Criam desenhos imaginários Sugerem  novos caminhos. Não há (pré) conceito estabelecido Tudo é permitido. Segredar em voz alta sonhos inconfessáveis. Assumir na distância O desejo do outro Em favor da sua felicidade. Amigo é a oração perfeita Um elo com a eternidade O lenço branco na turbulência O eco para aplacar a solidão. Um remédio que acalma a carência O doce sol da essência que ilumina a escuridão. Amigo não é espelho Mas

Sala de espera

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A sala de espera aterroriza. O ambiente carrega um ar de necessidade. Cada  qual com uma pergunta, uma certeza, uma dúvida.  As conversas são entrecortadas. Começam diálogos sobre curas  e chás, conselhos divinos e teorias médicas dignas de serem apresentadas  em grandes congressos científicos.  Na mesinha do canto as revistas são velhas. Nas páginas amarelas os desmandos anunciados continuam em pauta. Não há como abstrair. O ar condicionado nunca está na temperatura ideal para conforto de tanta gente que aguarda com ansiedade. E vem a moça simpática e chama o primeiro. E todos olham como se fossem o ser escolhido. Um personagem central é o celular, cada qual com um som diferente para anunciar sua presença. A tela luminosa muda o foco e leva para um mundo de sonhos seguros. A criança bagunceira provoca com seu correr e motiva alguns gracejos da plateia (im)paciente. Tenho uma teoria... quanto mais confortável o lugar, mais demorado será o atendimento

Sobrevivência

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Muitos mundos Muitas memórias Muitos medos Momentos que pegam apertam machucam  e (re)aparecem Poucos lugares Poucas histórias Poucos desejos O jogo do contente, da imaginação e da conquista da vida, em páginas de revista, oferecem muita ambição e pouco entendimento. Muita solidão e pouco esclarecimento. Muito coração pouco reconhecimento. E a notícia brinca de ser  a verdade provoca o saber Muitos... poucos... tantos procuram... muitos lutam poucos conseguem sobreviver

Encontrei você

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Já vivi muito de sonhos Já conheci amigos e paixões Já tive medos e revoltas, E sempre procurei o melhor caminho. Já tive dores e cansaços E já  estive tão sozinha Que nem eu mesma fui companheira. De repente...                    conheci o amor... Chegou de um jeito tão claro Que tive medo de não existir Chegou como a flor mais perfumada E me fez num minuto A mulher mais linda                 mais amada Me fez crescer. Conheci verdades e aventuras Comecei a viver. Esqueci a procura Encontrei a paz. O meu modo Cansado e diferente de viver Foi me deixando mais livre, E pude então sorrir. Passei a ser companheira Deixei de ser espera E todo o resto foi ficando esquecido Hoje tenho vida Encontrei o sonho                 o caminho                 o objetivo                             Encontrei Você.

Gosto de canetas

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Ainda gosto de escrever com caneta.   Ela vai suave, quando no rabisco a palavra é de calmaria. Afronta na hora em que tento clarear as ideias e teima em seguir outro rumo, em busca de direção. Respeita minha letra legível, mas horrível. Será personalidade, pressa? Ou uma loucura que não permite distrair? Decifrar garranchos, fórmulas e o que há por vir. Recordo como um desperdício os cadernos de caligrafia que fiz!!!  Posso rasurar o erro com fúria, aniquilar definitivamente a dor. Não uso borracha. Prefiro, que mesmo oculto, o texto tenha a marca de um poeta amador. Ainda gosto de escrever com caneta Mesmo quando some na minha frente, é esquecida, trocada, roubada... Mas o simbólico é presente. Não descarrega, mas carrega no seu íntimo toda depressão e euforia escondidas no meu mundo. Respeita a hora e lugar. Afaga, mas não apaga. Oferece dúvida, não lamenta sozinha, entrega a vida, mas não poupa a morte. Ainda gosto de escrever com caneta. Guardiã do meu

Eu confesso

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Eu confesso a eterna mania de achar que não vai dar certo o drama presente em ato desenhado na conformidade do tempo e no dito destino decantado. Eu confesso a intolerância com a injustiça a falta de paciência e perspectiva e a grande intransigência com o poder. Eu confesso a dor latente da saudade a vontade de correr ao encontro e o medo da rejeição. Eu confesso minha fragilidade diante de coisas pequenas a grandeza no enfrentamento do perigo e o aperto no coração. Eu confesso a carência por um sorriso a esperança da mudança e o medo do inesperado. Eu confesso a insegurança na velhice a dor na certeza da finitude e o medo do abandono. Eu confesso   que amo sem medida que temo invadir mas sou uma criança  no desejo de existir. Eu confesso  que sofro e rezo por quem amo e me amparo na fé para (re) agir. Eu confesso que acredito na promoção do outro porque promover é amar e amar é se dar. Eu confesso que também gosto de carinho que preciso de

E de repente... a cigana

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   Um momento de não pensar na saudade que me amarra a longos períodos de introspecção.      Encarar o desafio do ócio, o que pode ser uma arte nesses dias tão corridos, do tudo agora e já.   Preparo o ritual da entrega com carinho. O cenário já está pronto. Da areia brotam os sorrisos que só pensam em brilhar. O mar brinca com o imaginário e a entrega é total.    Um livro e uma praia livre para sonhar.  As páginas provocam e o texto é atraente. Por alguns instantes levanto os olhos e passo a flertar  histórias que não são minhas. Escuto conversas, vejo castelos e vem uma bola e a criança chora... Coisas do ato de estar só e acompanhada.   O sol propõe o jogo  esconde-esconde, mas isso não me abala. A leitura está tão atraente que nada pode me tirar desse transe.     E de repente, em sempre há um repente, tal qual um verso improvisado surge, do nada, uma cigana que pede para ler a minha mão. Me assusto! Digo que não. Ela insiste e recebe uma nova recusa.

O Zé me deu uma flor

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A tarde corria lentamente... Um paradoxo no tempo de espera e de sonhos. O encontro aconteceu sem nexo ou lógica. Ele surgiu de repente. Meio cambaleante, mas com a firmeza de ser o dono do espaço.  Na calçada, a flor jogada... abandonada. O homem bonito, com o rosto cansado pelo sol e marcado pela dor, recolhe a joia preciosa. Os passos são marcados e arrastados. Um jeito trôpego. Mas decidido em sua valentia. A rua era sua casa. Vivia sem portas, e muros, porém mostrava sua alma em uma janela emoldurada. Um invisível na sociedade do ter. Um excluído com a certeza de não ser. Assisto a tudo e tento entender o movimento. Ele se aproxima cuidadosamente e, com um sorriso no olhar, me oferece a flor. Desapegado de regras e com a convicção dos fortes enfrenta o desafio de um encontro. Num segundo, mesmo surpresa e emocionada, aceitei  o presente valioso. Aquele desconhecido brincou com o meu afeto adormecido. Se fez presente e não teve receio da rejeição. Tinha

Silêncio...

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Silêncio.. . A madrugada cai. E mais uma vez a esperança de um novo dia repete, cuidadosamente, o mesmo trajeto, o mesmo desafio. Silêncio.. . Recordo frases de meus poetas e de amores perdidos, vencidos... Por tempos idos... Silêncio.. . Uma saudade danada pesa, incomoda e se assusta com os passos pausados e de forma indolente se arrasta para chegar. Silêncio.. . Peço calma, peço paz, peço serenidade. A alma afoita sangra num doce flagelo e teme o sonho que virá. A dor é barulhenta e afugenta a utopia da primavera. Silêncio.. . Ouço o vento que grita no desejo de voar. Sugere em uma breve aparição o sopro de vida para renascer o carinho guardado, acumulado...cansado. Silêncio.. . Tudo parece imutável.  Busco variáveis que se perdem na realidade. Momentos que teimam em desafiar a lógica de um sonho cultivado em solo adubado por mãos cuidadosas e generosas. Silêncio.. . Uma súplica, uma confissão... um abraço apertado. Um clamor, um pedido de so

Sombras

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Fotografar o instante, o momento mágico. Congelar aquele segundo que ficará eternizado. Olhando minhas fotos amadoras percebo que tenho grande atração nas imagens que revelam sombras. Uma árvore que parece renascer na terra, tal qual um espelho da natureza. Os pés na areia que acompanham   os passos lentos e cansados. A fumaça do cigarro que se transforma em uma nuvem. fazendo festa com meu imaginário. Quando criança gostava de brincar com minha amiga, que me acompanhava a todo momento.  Tentava, por vezes, abraçá-la para agradecer a sua parceria. Em outros momentos criava, com as mãos, desenhos divertidos na cortina do quarto. Penso que ela me traz conforto, um carinho que chega de forma inesperada. Temos uma grande intimidade. Me sinto protegida quando falo dos meus sonhos, dos meus desejos inconfessáveis. Somos cúmplices por acreditar que é possível voar.