Pura Resistência...

Depois eu  ligo Depois eu faço Depois eu digo Depois eu dou   Depositário de sonhos                      de lembranças E assim segue a marcha solene... Num momento,                         Num depois. O tempo passa E a promessa do depois,  ecoa para o sempre. Depois seremos felizes Depois dessa semana, eu preparo Depois da festa, eu lembro Depois do adeus, nada. Depois desse projeto, eu viajo Depois da noite, vem o dia. E depois do dia a noite volta para atormentar. Depois da fita, o laço. Depois da corrente, enfim a prisão. Depois da esperança, o sonho sem fim. Depois do ontem, resta o hoje. E se é resto, é pouco, Mas se for o tudo, é muito. Depois do conselho, o abraço Depois da tormenta, a calmaria. Ou mais tormenta, que não teve a calma necessária para se fixar. Depois da tempestade, o alagamento. A bonança é de longe um ditado, um tanto ultrapassado, sem coragem para enfrentar. . E depoi

Quando as portas finalmente  serão abertas? É a consagração O abraço apertado O beijo roubado A felicidade é total                          geral E eu? Me entregando Tentando ser Batalhando pelo direito de viver. Quando poderei sorrir? CHEGA Do pranto sem graça Da dor que não passa Da  vontade de acabar. Quero! O que é meu  por direito Um lugar Um pedaço. Estou morrendo             ardendo Lágrimas??? Não tenho mais. Meu pranto se cala, ou não tem mais força para correr. Meu coração dispara Sinto um aperto forte O ar me falta Não estou mais conseguindo sobreviver.

     O dias passam rápido ou devagar, dependem apenas da circunstância . Por vezes temos a audácia de reclamar da falta dele,  em outras ele é longo demais quando acomoda a nossa tristeza.    O tempo ... 24 horas, a duração média de um dia solar na Terra é por volta de 86.400 segundos. E daí?    Os atletas tentam vencê-lo a todo momento. Instantes eternos que precisam ser conquistados.   Nos relacionamentos, ele se apresenta de muitas formas. Se as coisas não vão bem, damos um tempo. E, é nesse exato momento que se tem a certeza de que o amor acabou.   Quando o trabalho se acumula, a falta dele é presente. Ele corre ao lado de relatórios, textos, atas e reuniões.   No ócio, o não fazer nada é uma obrigação de ofício.    Tempo de decisões, de marcas e de utopias.    A velocidade das horas, muitas vezes, é marcada apenas pela emoção. A ansiedade da espera é medida em agonia. A expectativa da decisão é lenta e contínua.   Se temos muito, podemos desperd

    A fila estava grande.. A menina bonita não desgrudava os olhos do celular. A todo momento, seus dedos escreviam mensagens. Ela sorria,  o ar era de total expectativa.  O atendimento estava bem demorado.  Começavam as reclamações de praxe. Os desmandos do governo (seja qual for), do preço do supermercado e da realidade de uma farmácia em cada esquina. As lamúrias eram cada vez maiores. E a menina bonita continuava em seu diálogo, agora mais tranquila.  A voz grave, acostumada aos lamentos, sentencia: "No meu tempo não tinha essas coisas e éramos mais felizes. Tínhamos mais contato com as pessoas".  Como assim? Quem determina? Como comparar? Volto no tal tempo...  Para um recado urgente, eu procurava o orelhão mais próximo.  Se pudesse ligar a cobrar era um ganho, mas se necessitasse de ficha... Ah! era rezar para encontrar uma jogada na bolsa ou comprar na banca de jornal. Esta vendia apenas jornais e revistas, hoje é um mundo de ofertas e produtos.  P

Do canto da sala vem a música que machuca. Chegou a hora de  (re) formular                                      viver                                      começar As lembranças correm ao vento tento, em vão, parar o tempo Mas... Tudo parece morto Sem motivos Sem perspectivas. Meu quarto repete o silêncio da boca que se calou. Choro! Um choro lento        choro de mudança        choro envenenado Um choro que quer  (re) formular                                 viver                                 começar A caixa de cartas escreve a estória que terminou. O quadro na parede parece se despedir de um grande amor. Um amor que foi tanto e tão forte que explodiu na esperança de nascer. Um amor que foi tanto que implodiu pela vontade de ser

   Eu sempre gostei de ouvir histórias. Pode ser em um bar, na fila do supermercado ou dentro do  ônibus. Tenho interesse nas    falas, nas confissões e nos diálogos das pessoas.          Atualmente,  me sinto meio frustrada,  a configuração do coletivo mudou. Os passageiros seguem de cabeça baixa, conectados ao celular. Olho cada rosto, ou pedaço dele, tentando imaginar o que se passa na alma de cada um.       Hoje foi diferente. Três jovens conversavam sobre paixão, se era o momento certo para se declarar.  E uma delas, para encorajar a amiga disse: "Tome uma atitude, afinal o não você já tem.      Num primeiro momento a frase fez sentido. É, simples assim. O não já é meu, e se a mão do destino der uma força, eu posso ter o sim. Sorri aliviada.      Mas será que a vida é isso? Eu sempre terei o não e o sim vem de uma surpresa? O sim é um presente dos céus? Qual a resposta ideal?  Quero prestar atenção ao diálogo, mas o questionamento começa a me perseguir.

Quando explode a paixão E a alma do desejo Implode Busco todos os fatos Recolho meus pedaços Meus versos cortados E invento  Um novo mandamento. Quando a semente do esperar Me recompensa Jogo meu olhar Ao firmamento E acabo Tendo a certeza Que esta chama de emoção Sabe que o destino Se firma Na palma da minha mão.

Essa indiferença não mais atormenta. Encontrei nos momentos de delírio a sanidade tão certa que da loucura se alimenta. Em um sonho doido e real que reparte estrelas na luz que vence a tormenta. Porém, a janela da esperança  se abre de inocência. Grita por um novo mundo e busca um caminho (exato e correto)                                                    repleto de incongruência. 

Seria aquele em que a solidão aperta e o verso corre solto buscando a inspiração? Ou talvez a dor forte que arrebenta as grades da ilusão, Onde a caneta treme no desejo maior de se dizer um poema ou uma canção? O momento do poeta         é seu        é meu        é único. Um prazer solitário uma  dor que alegra um sonho que revive  a esperança de deixar marcada, num verso solidário, sua serventia.  A certeza de que no momento íntimo da leitura alguém terá companhia

    Vejo o papel amassado, jogado no chão. O espaço é público, mas num impulso, me abaixo e o coloco na lixeira.  Uma garota entra no elevador comigo e a vejo me observando, num repente digo:  " não custa nada jogar no lugar certo".         Ela sorri e responde: " é zelo".         Sorri, admirada com a resposta.  Quanto tempo não ouço essa palavra, e mais surpreendente é escutar de uma jovem. Às vezes,  tenho a impressão que existem termos velhos, em desuso. Esse é um deles. Mas gostei do som e do significado.         Começo a divagar. O querer  proteger e ser protegida. Acarinhar, ter um cuidado especial, sem mistérios ou subterfúgios. Ter a liberdade de dizer e ser, sem censura ou estratagema.           Entender que o sorriso e a piscada despretensiosa podem formar uma linda moldura, que retrata o carinho e guarda para sempre um instante de emoção.         A generosidade de estar com as mãos limpas e entregá-las, também, ao mais puro coraç